A relação entre o povo da Vila da Moita e a Câmara Municipal da Moita vai de mal a pior. Isso mesmo voltou a ser notado durante o discurso do seu Presidente na sessão solene do 82º aniversário do Moitense, que decorreu no dia 28 de Janeiro.
Enquanto os outros discursos (presidente do clube, presidente da Junta de Freguesia da Moita, representante da associação de futebol de Setúbal e Governadora civil) foram ouvidos em silêncio e com interesse pelas muitas dezenas de pessoas presentes, quando o presidente da Câmara começou a falar, a população começou a rir-se e a abanar a cabeça, numa atitude de clara desconfiança face ao que estava a ser dito.
Como é que é possível que a Câmara deixe que as coisas continuem assim? Será que não lhes importa o que o povo pensa deles? Não seria melhor analizarem a situação e perceberem as razões por trás dela, tentando corrigi-la, em vez de se manterem passivos, como se nada se passasse?
Esta análise até nem é difícil. As razões da desconfiança são bem conhecidas na Moita:
1) a apresentação de promessas, normalmente durante a campanha eleitoral, que depois não são cumpridas (exemplo: complexo desportivo municipal da Moita, requalificação do Parque Municipal,...)
2) o completo desinteresse em explicar o porquê desse incumprimento, interpretado desde logo pelo povo como prova de que não havia intenção de cumprir a promessa desde o início
3) o não informar o povo sobre assuntos do seu interesse (exemplos: o que se passa com a Caldeira da Moita? Como se vai resolver esse problema? Qual a posição da Câmara face à proposta de elevação a Cidade da Vila?)
4) a percepção de que os investimentos na Moita são claramente menos e de menor valor do que noutras zonas do concelho
5) a percepção de que a Câmara só liga -ou finge ligar- ao que as pessoas dizem nas vésperas da eleições
Como é que se ultrapassa esta situação? Desde logo, é fundamental que comece a existir diálogo com a população. Provavelmente, muitas promessas não cumpridas não o são por motivos não totalmente passíveis de controlo pela Câmara, e essas situações devem claramente ser explicadas à população, e as possíveis soluções debatidas com esta. Desta forma, seria certamente possível reduzir muita da crispação actualmente existente.
Mas será que isso chega? Na situação a que as coisas já chegaram, desconfio que não...